sábado, 23 de abril de 2011

Meu primeiro plantão (de verdade) na Obstetrícia!

Preciso contar, estou eufórica até agora! KOSAOSPA
Semestre passado, quando eu ainda levava Técnica Cirúrgica eu tive um professor GO e certo dia fui acompanhá-lo num plantão na Obstetrícia, cheguei lá com uma colega e ele disse pra alguém instrumentar. Confesso que dei pra trás, com medo de fazer besteirinhas e nesse dia fiquei só 'urubuservando', como dizem. 
Pois bem, agora estou levando GO e meu professor de Gineco é o professor mais f#d@ da graduação. O cara é simplesmente demais! Ele estaria de plantão das 19 às 7 de sexta pra sábado e eu iria pra lá com mais um colega. Eu tava bem naquela: Ah, madrugada, não vai ter muita coisa. Grande (e feliz engano)! Chegamos lá e havia umas 15 pacientes que tinham sido encaminhadas da maternidade pra lá (onde estávamos é serviço obstétrico para gestações de alto risco), com as mais diversas complicações. E quando digo mais diversas, são mais diversas MESMO! Fora as pacientes internadas, claro. Tava uma correria danada. E como se não bastasse o tanto de paciente pra atender, lá dentro estava também um sufoco. Duas em trabalho de parto, uma quase lá. Tínhamos uma paciente cardiopata (SIC) que a bolsa acabara de romper, uma com sorologia + para HIV e VDRL e a outra com Diabetes e Pré-Eclâmpsia e 35 semanas de gestação. A paciente cardiopata foi transferida para a sala de parto normal ao mesmo tempo que a paciente com as sorologias positivas era levada para o Centro Cirúrgico. Ficamos eu, meu colega e nosso professor com a cardiopata enquanto os outros GO's foram para o centro acompanhar a outra paciente. Nessa meu professor me mandou calçar as luvas e eu no máximo, pensei que iria instrumentar pra ele. Engraçado que quanto mais ele falava "booooora", mais eu me enrolava. E olha que eu sou especialista em calçar luvas rápido e direito ein? sodfaskda. De repente, não mais que de repente, me posiciono próximo a mesa e ele me solta essa: Venha pra cá, você vai fazer o parto!" Juro por Deus, nunca tremi tanto em toda minha vida. Logo eu, que não seguro nem meus sobrinhos antes deles ficarem "durinhos". OKSASPKPA. Eu queria poder ver meu olhar desesperado pro professor como quem diz: Socooooorro! SKAOSKPOSP. No final, deu tudo certo. Ele ficou lá o tempo todo, é claro. Praticamente em cima de mim, me instruindo. Depois que a bebê nasceu, foi só cortar o cordão, coletar o sangue do cordão e tirar a placenta. O momento mais desesperador foi quando, após tirar a placenta e ver dele um sinal com a cabeça para jogá-la no local adequado, bem em minha frente, ele me diz: "PQ VOCÊ SOLTOU A PLACENTA AÍÍÍ?". É claro que eu fiquei desesperada mas isso era só gracinha do professor. Fdp! Quase infartei! OKSAOSK. É isso, fiz meu primeiro parto. Gente, é muito emocionante e quase inacreditável, mas EU FIZ MEU PRIMEIRO PARTO!!! 
E as emoções não acabaram por aí. Quando a criança do parto que eu fiz nasceu, o relógio marcava 23h42min. Depois disso ainda recebemos mais casos encaminhados da maternidade. Recebemos uma gestante de 16 anos, 33 semanas de gestação e 7cm de dilatação que nos daria muito trabalho posteriormente e mais uma que já chegou em trabalho de parto e ganhou o bebê praticamente no corredor. Ela deitou na cama e o bebê saiu, simplesmente. Foi uma correria danada, o bebê nasceu mal e teve que ser levado pra UTI. Não acompanhei direito esse caso pq enquanto isso aconteceu, a paciente diabética também dava a luz a um bebê que também nasceu mal e eu fui acompanhar na sala de ressuscitação. Que agonia ver aquele bebezinho sendo ambuzado, completamente cianótico, uma loucura. Um bebê com má formação, sindrômico, uma possível atresia de esôfago e um prognóstico que não era dos melhores.
E lembram a paciente de 17 anos, que chegou com 7cm de dilatação? O parto começou aproximadamente as 4 da manhã e essa paciente não só acordou a obstetrícia toda, mas acredito que até a Psiquiatria do hospital de tanto que ela gritava. E detalhe: Ela SÓ gritava, não fazia força nem nada. E pedia ajuda. Os médicos tentavam de todas as formas acalmá-la e ela só pedia ajuda e gritava para pararem. Insistíamos que se ela não se ajudasse, também não poderíamos ajudá-la em nada. Sabe como meu professor consegui fazê-la calar a boca? Dizendo assim: "Minha querida, se você não fizer força seus dois bebês não vão sair." Ela, quase infartando de susto disse: "DOIS?". E ele: "É, você não fez ultrassom não minha filha? Não sabe que são dois? Pois é, então vamos logo, faça essa força aqui em baixo e não na garganta pq se não seus bebês vão ficar aí". Sabe Deus o que passou na cabeça da paciente com essa informação, mas ela parou de gritar e finalmente deu a luz. Esse bebê, também prematuro, nasceu melhor.
A plantão não acabou por aí, mas esses casos foram os mais interessantes. Já chega né? O post ficou gigante!

Ps.: Eu tento não escrever muito tecnicamente, mesmo pq o blog não tem a intenção maior de falar sobre os procedimentos em si, mas sim sobre como me sinto executando-os. Tudo bem assim?

Até a próxima.
Xoxo.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Medicina Legal [SOCORRO!]

De maneira clara e direta: A medicina legal está me surtando. Simples (ou não) assim!
Tem várias áreas nas quais digo com todas as letras que não atuarei, mas todas elas por não gostar mesmo e não me sentir feliz trabalhando com aquilo (cirurgia, por exemplo), mas que acho que se gostasse teria até uma certa aptidão praquilo. Contudo, com medicina legal é diferente. Eu jamais conseguiria - mesmo se quisesse - trabalhar com isso por qualquer tempo que fosse o tempo. Estou levando a disciplina agora e estou passando pela prática de medicina legal também agora. 12 horas semanais. As primeiras semanas foram tranquilas, mas essa semana algo diferente aconteceu. Foi assim...
18h30min, eu já feliz com o fim bem próximo do plantão e chega uma moça para perícia: Lesão corporal e Estupro. 
Juro, mal dormi aquela noite. Um jovem, saindo de um local na região central da cidade, 19hs do dia anterior. Local iluminado e bem movimentado. Foi abordada e bem, vocês já sabem.
Uma sensação de vulnerabilidade tomou conta de mim de um jeito absurdo. Talvez eu não devesse ter me deixado impressionar como deixei. Mas gente, terceiro caso em um mês, onde as três vítimas relatavam o mesmo modus operandi do bandido. E de repente, você se dá conta de que a qualquer momento (que Deus nos livre e Ele já nos livrou) pode ser qualquer um passando por isso. Eu ein. 
Este caso me abalou e depois dessa prática eu não consegui mais tratar a medicina legal com naturalidade. A partir daí assistir as aulas se tornou difícil e eu só quero passar por essa disciplina logo.
Alguém me diz, estou exagerando? Surtando? Enlouquecendo? Rsrs.

Até mais.

domingo, 10 de abril de 2011

Estágio - Urologia

Pois bem, funciona assim. Estou no sétimo período (falei isso no primeiro post? Oõ) e então, minha turma foi dividida em grupos de 6 que se subdividem em grupos de 3. Nesse semestre estamos rodando em estágios de Pediatria, Ginecologia, Obstetrícia, Clínica Médica, Cx Torácica, Cx Gástrica, Urologia, Medicina Legal e Anestesiologia.
Já passei pela Clínica Médica e não vivenciei nada que de tão interessante, mereça um post aqui. O caso é que essa semana iniciei o estágio em Uro e bem, passei por momentos estressantes e tristes no ambulatório. Apesar de que é claro, foi um estágio muito rico no quesito aprendizagem.
Vamos aos fatos:
Meu grupo não teve a sorte de poder se subdividir essa semana: Tivemos que ficar os 6 juntos no ambulatório. O primeiro paciente foi um senhor, de 75 anos, com queixa de hérnia inguinal e com o PSA de 5,5. A neta relatava que já era o terceiro episódio de hérnia e que ela atribuia isso "a falta de repouso, já que 15 dias depois de operado ele colocava a bacia na cabeça e saia pra vender frutas". Feita a anamnese, fomos chamar o professor para nos auxiliar no exame físico. Com o PSA elevado era meio óbvio que o toque retal seria feito. Combinamos assim: 3 de nós fariam o toque retal naquele paciente, os outros 3 no outro e assim seria. Eu e as meninas concordamos que aquela situação era muito incomoda para o paciente e que como teriam vários outros não precisávemos, os 6, fazer o toque em cada paciente que entrava.
O tempo foi passando e fomos atendendo senhoras, com queixas renais e tal. Até que chegou um outro senhor, 65 anos, PSA de 6,5. Outro toque. Vimos os meninos - que já tinham feito o toque anteriormente - calçar as luvas e uma colega comentou: "De novo? Mas tínhamos combinado..." e, não acreditei ao ouvir a resposta: "Eu não estou nem aí, eu vou fazer de novo, estou aqui para isso e que se dane se o paciente não gostar". Juro que quis morrer ao ouvir aquilo. Acho que não preciso comentar minha indignação com a escrotice de meu colega de grupo. Ok, estamos todos pra aprender, mas aquele não seria o único dia que teríamos em nossas vidas para "aprender" a fazer o toque. Não sei, talvez o problema seja eu. Talvez eu seja idiota demais por acreditar que médicos podem ser mais preocupados com o bem-estar do paciente e tentar ser um pouco mais delicados e sensíveis em sua prática. Sei que é preciso frieza, sei ser fria nos momentos adequados, mas não consigo aceitar que tenhamos que ser insensíveis, simplesmente porque acho que NÃO TEMOS que ser insensíveis. Pronto.
A conclusão que tirei no final do dia, depois de vários absurdos que ouvi, afinal esse relatado foi apenas o primeiro foi: Ou vou ser uma médica muito chata e ruim, ou meus colegas de grupo são uns escrotos.

É isso :S
Um bom restinho de fim de semana, meu povo, haha
Beijos.